Uma reflexão sobre democracia, relações pessoais, Palmeron Mendes e a ausência de um estadista no Guarani

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Confesso que na noite de ontem li a íntegra da entrevista do presidente Palmeron Mendes Filho à Rádio Central e nada tinha chamado minha atenção. Nesta quinta-feira, após uma releitura atenta, dois temas saltaram os olhos. Duas declarações que demonstram os equívocos dos atuais componentes do Conselho de Administração para tocar um clube da grandeza do Guarani.

O primeiro conceito foi em relação a parte política. “Preciso tecer um elogio. Nas últimas semanas, o clima foi de calmaria, o que foge à normalidade. Graças a Deus, não existe nenhuma atividade oposicionista no momento. Estamos com tranquilidade para trabalhar. Isso é muito importante para nós”, afirmou.

Aviso ao Palmeron: falta de atividade oposicionista não pode ser considerado elogio nem aqui ou qualquer lugar. Clube pulsante, com vida e com gente interessada produz oposição produtiva, atenta, militante, sem medo de expor ideias. Como sei que Palmeron é um democrata, permito-me corrigi-lo: oposição sem atividade é na Coréia do Norte ou ditaduras espalhadas pelo mundo. Se Palmeron não consegue conviver com vozes discordantes, com um Conselho Deliberativo ativo e sem medo de apontar os erros, quem precisa de reciclagem é ele e seu grupo político.

Sobre o ex-presidente Horley Senna ele disse o seguinte: “Precisamos de todos para visualizar o Guarani na Série A. Infelizmente, isso não acontece. Senna é um ex-amigo que nunca mais voltará a ser amigo. Jamais sentarei numa mesa de restaurante para dividir uma refeição, porque é capaz de me dar congestão”, disse.

Ninguém quer que Palmeron volte a ser amigo de Horley Senna. Todos desejam é que dois tenham interesse público do Guarani. Se Palmeron não sabe eu vou relembrar. Quando foi candidato a presidente da República em 1950, Getulio Vargas recebeu o apoio de Luis Carlos Prestes, cuja esposa foi morta porque Vargas quando ditador enviou aos alemães. Prestes olhou no horizonte. Mirou no país. Feridas pessoas ficam nanicas quando a vida de milhões estavam em jogo.

Será que Palmeron tem noção de que governa para uma comunidade de, no mínimo, 400 mil pessoas? Tem perspectiva de que mágoas pessoais não significam nada perante o futuro de um clube ávido por um novo estádio, Centro de Treinamento e Sede Social?

Palmeron, o Guarani não precisa de um chefe ou de um presidente. Necessita urgentemente de um estadista. Pena, você não entendeu.

(Elias Aredes Junior)