A Série B pode definir o futuro e o estilo de gestão e de vida na Ponte Preta. Leia e entenda

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Futebol vive de resultado. A teoria é mais velha que a própria existencia do futebol. Ganhou é idolo. A derrota transforma qualquer um em vilão. Mas existem circunstâncias em que a conquista dos tres pontos ganha um aditivo ainda maior.

Vencer significa não apenas somente subir na classificação ou conquistar um titulo mas reafirmar um estilo de vida, uma proposta de conduta para toda uma comunidade.

Este quadro permeia a atual diretoria da Ponte Preta. Após a queda para a Série A-2 , cada vitória ou ponto conquistado na Série B do Campeonato Brasileiro ganhou relevância. A diretoria comandada por Marco Antonio Eberlin joga não apenas a sua permanência e estabilidade esportiva, mas a possibilidade de reafirmar um novo velho modelo de  gestão. Gestão essa que ainda tem problemas, defeitos, pontos a serem sanados e está longe, muito longe da perfeição. Mas que claramente tem um norte para aplicar e defender.

A receita não é dificil de entender. No departamento de futebol profissional, a diretoria tem um processo de decisão centralizado na figura do presidente Marco Antonio Eberlin que dispensa intermediários e funções como a do Executivo de Futebol ou alguém com nomenclatura parecida.

Nas categorias de base, as revelações aparecem e a destinação para a valorização dos ex-jogadores como técnico. Uma clara opção em detrimento dos chamados “técnicos cientifícos” e automaticamente a queda de cotação da ciência do esporte no dia a dia do clube. Que é importante no cotidiano, mas é coadjuvante. 

Em relação a política para bilheteria, não há como disfarçar ou esconder a predileção pelos pobres, com a cobrança de ingressos mais baratos e previlegiar a arquibancada cheia. Com recorde atrás de recorde sendo quebrado, é inegável que esta orientação caiu no gosto do torcedor.

Para completar, a gestão valoriza a velha guarda, aqueles que são chamados como verdadeiros pontepretanos. Gente com nome estampado na galeria de dirigentes históricos e reconhecidos por seus serviços prestados.

Em linhas gerais, é uma filosofia adequada para a história. Só que precisa rotineiramente da chancela do gramado. E por um motivo: existe oposição na Ponte Preta. Encontrar-se fraco na atualidade não quer dizer que não será forte amanhã. E ela pode ressuscitar. E com uma filosofia totalmente oposta ao que está em vigor.

Independente dos presidentes que ocuparam a cadeira principal do Majestoso, é inegável que nos ultimos 25 anos, a Ponte Preta foi direcionada para os gostos, costumes e predileções da classe média.

Nesse periodo, o programa de Sócio Torcedor foi valorizado, alguns eventos cairam no gosto dos remediados como os famosos “Food Trucks”, e as festas de aniversário da Macaca eram carregados de pompa, luxo e conforto. Pegue as fotos das últimas fotos das festas pontepretanas e compare com a última realizada neste ano. A diferença é gritante. Eu diria até escandaolosa.

Um clube feito por componentes da classe alta e da classe média para a classe média. E por que pendurou essa política por tanto? Simples: os resultados apareciam no gramado. Finais do Paulistão de 2008 e 2017, participação em decisão de Copa Sul-Americana, oitavo lugar no Brasileirão de 2016 e uma receita que em 2017 chegou a R$ 70 milhões.

Mais: esse estilo de gestão em alguns fez com que muitos pontepretanos se sentissem incluídos na “elite” do poder futebolístico. Lembram que a Ponte Preta era a quinta força? Nesta época, salvo algumas vozes isoladas – o que inclui este jornalista- ninguém pedia pela cobrança de ingressos baratos e presença do pobre dos estádios. Em um esporte marcado pela alienação, uma boa sequência de vitórias basta para esquecer o contraponto.

Ao olhar sob a perspectiva histórica, chegamos a conclusão de que o rebaixamento no Brasileirão de 2017 foi o buraco que estourou o dique. E que abriu espaço para que a então oposição ganhasse as eleições em novembro do ano passado.

São visões diferentes de ver e sentir o futebol. Enquanto o time triunfar no gramado, pode acreditar de que a visão popular vai prevalecer na Ponte Preta. Em caso de deterioração dos resultados, pode acreditar a nostalgia pelo luxo de outrora pode voltar. Que Hélio dos Anjos entenda o que está em jogo. No presente e no futuro.

(Elias Aredes Junior-Com foto de Álvaro Junior-Pontepress)