Abel Braga e Ponte Preta: um caso de amor eterno no futebol

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A vida reserva roteiros batidos. Histórias repetidas. Uma delas: antes de conhecer determinada pessoa você tem um pré-julgamento ácido. Por vezes nem suporta pensar na hipótese de conhecê-la. Em determinado dia, o gelo é quebrado, a conversa é estabelecida e uma simpatia mútua acontece. Articulei tal metáfora na mente ao acompanhar a entrevista de Abel Braga ao “Bola da Vez” da ESPN Brasil.

Hoje Abel Braga não tem pudor em homenagear a Macaca quantas vezes forem necessárias. Confessa um carinho especial pela Ponte Preta e pelo Internacional, no qual foi campeão do mundo. Talvez fale mais destes dois clubes do que o Fluminense, seu clube do coração.

Imagino quantas vezes pessoas lhe devem ter aconselhado a jamais pisar em Campinas e no Moisés Lucarelli. Inicialmente pela sua passagem no Guarani, em 1997 e na qual não deixou saudades. E pelas dificuldades de se dirigir a Ponte, cuja torcida é fanática e exige resultados rápidos.

Quando desembarcou, em 2003, trazido pelo então vice-presidente de futebol, Marco Antonio Eberlim, o quadro ficou pouco a pouco agravado devido ao atraso de salários. O que deveria ser motivo de rompimento serviu como cola para uma relação de cumplicidade. Uma epopeia coroada com o triunfo por 2 a 0 sobre o Fortaleza, no Majestoso e que assegurou a permanência no Brasileirão de 2003. Ouso dizer que nunca mais Abel Braga conviveu com uma torcida tão solidária e amorosa em relação ao seu nome. Não há preconceito ou má avaliação que permaneça.

Abel Braga vivenciou no futebol cruel do século 21 uma relação inesquecível. Faz bem em cultivá-la.

(análise feita por Elias Aredes Junior)