Análise Especial Ponte Preta 02: derrotas produzem amargura, tristeza e sementes para novas disputas políticas. Leia e entenda.

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Sim, estamos em início de mandato. São quatro anos. Muitos fatos podem rolar e acontecer até lá. Quem é vilão hoje pode virar mocinho amanhã. E vice versa. Penso que a função do jornalista é mostrar os fatos e em cima deles realizar uma análise pormenorizada.

A Ponte Preta está na zona de rebaixamento da Série B. Joga um futebol de qualidade ruim no sentido da eficiência: defende mal – algumas vezes de modo razoável ou bom- e cria muito pouco. E isso acarreta em derrotas. Arrebenta com o trabalho do técnico Hélio dos Anjos. Se a vitória não ocorrer contra o Ituano, certamente sua situação ficará díficil. E assim será até o final da competição. Se algo de ruim acontecer a culpa será do treinador. Se o pior acontecer, toda a conta será depositada sobre a Diretoria Executiva comandada por Marco Antonio Eberlin.

Mesmo que na atualidade a oposição esteja dispersa, com poucos integrantes e o Conselho Deliberativo esteja inerte e com poucos conselheiros capazes de conduzir a opinião pública, a cada derrota da Ponte Preta o quadro pode mudar. Se ocorrer um novo rebaixamento será inevitável a torcida e muitos formadores de opinião pedirem mudanças. Ou o retorno daquilo que era considerado velho e ultrapassado até as últimas eleições. A vida é assim.

Neste ponto política e futebol tenham um ponto em comum: as prioridades ganham tamanha proporção que os outros temas são esquecidos e ignorados.

Tentarei ser didático.

Se você for prefeito de uma cidade, não adianta você cuidar do planejamento, fazer obras de melhoria de tratamento de água e esgoto ou focar no aprimoramento da gestão interna se a saúde, educação, transporte e zeladoria estiver um caos; um governador, pela cultura brasileira, pode até fazer um trabalho bem ruim na saúde e na educação. Desde que a Segurança Pública tenha resultados palpavéis, tudo ocorrerá de modo positivo nas urnas.

E em relação ao Presidente da República, por mais honesto e correto que ele seja na sua percepção, números ruins da inflação, crescimento econômico pífio e desigualdade de renda aprofundada colocam ele em quadro dramático no momento da reeleição. Pode até ganhar mas passa sufoco.

Todos que fracassaram tiveram este aspecto em comum.

E no Futebol? Simples: vitória e titulo apagam qualquer erro de gestão. Por mais que a imprensa seja atuante e vigilante. Em contrapartida, pouco adianta sanear finanças, melhorar a infra-estrutura e aprimorar estruturas internas ou ganhar titulos nas categorias de base. Se as coisas não funcionarem no Departamento de Futebol Profissional, tudo vai por água abaixo.

Traduzindo: a oposição ressurge com força para retomar o poder. E se ela não estiver organizada, derrotas e rebaixamentos se constituem na semente que pode em médio e longo prazo produzir o surgimento de um novo grupo político. É assim na vida política tradicional. No futebol também.

A Ponte Preta já caiu para a Série A-2. Uma nova queda poderá fazer ressurgir aquilo que parecia derrotado e enterrado. A bola quando entra faz milagres. Quando não entra também.

(Elias Aredes Junior)