Análise: novas considerações sobre a possibilidade da Ponte Preta virar clube-empresa

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Sem enrolação: sou a favor da implantação do clube empresa. Em todo o país. Em Campinas principalmente. Não vou gastar meu latim a respeito dos números do futebol e a necessidade da Ponte Preta ser inserida no processo de um nicho do setor de entretenimento. Talvez seja um erro querer fazer uma definição antes mesmo da aprovação da lei do Congresso Nacional. Mas a Macaca precisa dar um salto de qualidade. Urgente. O Guarani também. Mas isso é assunto para outro artigo.

Quanto a Ponte Preta, por mais que tentem me convencer não concordo com presidente ser alguém que não receba salário. O primeiro motivo é óbvio: porta de entrada para a corrupção.

Afinal, se eu não ganho dividendo pelo meu trabalho e meu esforço, de onde vou tirar dinheiro? Vou além: dizer que empresários ou pessoas ricas é que são capacitadas para serem presidentes porque podem abrir mão de vencimentos é de um preconceito impar. Especialmente se levarmos em conta que falamos de um clube popular. E a gene da corrupção está em todos os setores.

Então, se tivermos um advogado, um engenheiro, arquiteto, economista, administrador que queira e tenha talento para exercer a presidência do clube basta esta pessoa passar no final da tarde, assinar alguns papéis e tudo estará resolvido? Errado. O mundo, em uma economia dinâmica, vertiginosa e em constante mutação não permite mais que pessoas que ocupem altos cargos façam benesses com chapéu alheio.

Sem dedicação 100% ou 110% não há como prosperar.  Uma coisa é aquilo que a gente considera correto; outra coisa é  a realidade. Queiramos ou não temos que aceitar. E o futebol de Campinas está na idade da pedra em relação a forma de administração do futebol moderno. E ai de quem se levanta a favor da modernidade. Recebe pedradas de tudo quanto é lado.

Aqueles que defendem o modelo associativo deveriam ler com atenção o projeto do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Ele profissionaliza a gestão, abre caminho para que todos os dirigentes sejam remunerados, mas preserva o poder dos associados com uma modalidade de ações que dá direito a preservar local do clube, camisa, brasão, hino e outras instâncias.

Isso não quer dizer que algumas adaptações não podem ser feitas. Esclarecimentos idem. Antes de qualquer discussão seria de bom grado definir: quanto vale a Ponte Preta? Qual o seu valor de mercado? Qual o investimento necessário em curto, médio e longo prazo?

Instituir um percentual limite para a aquisição de ações seria de bom grado. E o Conselho Deliberativo? Vai definir um perfil dos possíveis candidatos? empresários? Fundos de pensão? Investidores chineses? Empresários locais? Sem estudo e debate em alto nível vai ficar díficil.

E se Sergio Carnielli quiser se candidatar para ser o controlador? Vai poder fazer o quiser? São assuntos que podem e devem ser discutidos. Sem esquecer o principal: se no futuro a remuneração para presidente for aprovada, que seja instalada um período de carência e com encurtamento do mandato.

Para ser mais exato: o atual presidente Tiãozinho não teria direito a remuneração e nem o seu sucessor com mandato de dois anos. Só a partir do próximo ocupante. Se Tiãozinho realmente pensa na Ponte Preta, deveria encampar tal bandeira e evitar ao máximo ser beneficiário de qualquer alteração. Nem ele ou Sérgio Carnielli, o seu apoiador de primeira hora. Que até por uma questão de cautela nem deveria entrar na disputa.

Debater é o espirito primordial da democracia. Aceitar os novos tempos, compreender as mudanças e expor de maneira cordial, elevada e com conhecimento e cultura para que a instituição ganhe em médio e longo prazo são requisitos urgentes.

O que não podemos aceitar tanto de quem é a favor como de quem é contra é a violência retórica ou intimidadora para impor seus dogmas.

Se os favoráveis ao projeto acham que a opressão é o caminho estão errados; se aqueles que são contrários as mudanças consideram que amordaçar os partidários da modernidade é a alternativa estão redondamente equivocados.

Só o conhecimento, o debate, a sabedoria e a troca de informações poderá salvar o futebol. E a Ponte Preta por extensão.

(Elias Aredes Junior)