Análise Ponte Preta: a saída de Fábio Moreno e a preparação do palco para o massacre seguinte

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Está definido. A Ponte Preta colocou Fábio Moreno como coordenador de futebol. Um novo  novo técnico será contratado. Prevaleceu a fúria das redes sociais e de parte da imprensa. Cabeça do treinador entregue. De bandeja. Sede de vingança satisfeita. Um novo treinador será contratado e só existe uma saída: ganhar 100% dos jogos na Série B. Ou perto disso. Senão, é calabouço na certa.

Exagero? Nada disso. Não há tempo para desenvolvimento de um trabalho. Não existe espaço para oscilações. Não me venham dizer que o aproveitamento pífio de Fábio Moreno e o futebol ruim justifica a medida.  Ser demitido na Ponte Preta independente de aproveitamento ou qualidade de futebol. Se a comunidade (leia-se imprensa, torcida, dirigentes) não for com a fuça do sujeito, rua. E se gostar a gestão é esticada. Fato.

Posso tecer “N” exemplos. Alexandre Gallo foi demitido com alto índice de aproveitamento; João Brigatti saiu próximo do G4; por outro lado, já tivemos treinadores que tem “fãs” na torcida e na imprensa que saíram apenas em ultimo caso. Guto Ferreira e Gilson Kleina usufruíram desta prerrogativa nas suas passagens. Guto, por exemplo, já era para ter saído em 2013 após o Paulistão por divergências com a direção e por resultados ruins. Mas quem tinha peito de tomar uma medida? Pois é.

O fato é que a torcida da Ponte Preta, dirigentes e nós da imprensa precisamos mudar nosso enfoque e roteiro. Recorde o ano passado. Quatro treinadores passaram pela Macaca: Gilson Kleina, João Brigatti, Marcelo Oliveira e Fábio Moreno. Todos tiveram momentos bons e ruins. Debilidades no trabalho. Falhas. Também acertos. E o que acontecia no primeiro solavanco? A cabeça era pedida. Demissão sumária. Qual foi o saldo? Nada de acesso. Pergunto: e a nossa responsabilidade? Onde fica?

Quer dizer então que devemos nos considerar perfeitos? Nunca erramos? Nunca acumulamos equívocos?  Para lado estamos levando a Ponte Preta com essa infalibilidade?

Na Ponte Preta, a ultima vez que um técnico ficou mais de um ano foi em 2011-2012 quando Gilson Kleina foi para o Palmeiras.  Nove anos. Se você acha normal, sinto lhe dizer que estás em delírio..

Somos incoerentes. O mesmo Fábio Moreno que foi incensado por todos no ano passado é agora condenado a masmorra. Recebe ataques pessoais. É atirado aos leões virtuais. Qual o limite? Violência não é apenas ato físico. Não é apenas sacar o revolver. Falta de empatia no tratamento dos profissionais envolvidos também é um ato deplorável. Dizer que o técnico é incompetente, fraco, decepcionante, é do jogo. Agora, o que justifica dizer que o camarada é um lixo? Não tem explicação.

Futebol é processo. Não existe clube vencedor de modo perene sem trabalho de longo prazo. Evidente que os dirigentes pontepretanos deixam a desejar. Falham. São incompetentes na condução da bola. Mas será que alguém competente conseguiria triunfar neste ambiente hostil, sempre propenso ao massacre? Não, não há como prosperar.

Um novo técnico será contratado. O ideal seria que assumíssemos a nossa parcela de responsabilidade. Misturar as críticas coerentes e racionais com a concessão de tempo para o novo profissional. Pelo jeito nada vai mudar. Nós, participantes da comunidade pontepretana da bola (torcedores, imprensa, dirigentes) não vamos mudar. Vamos guardar o nosso sangue para o próximo massacre. Que não vai demorar. Infelizmente.

(Elias Aredes Junior)