Estatuto deixa eleição da Ponte Preta em clima de circo. Quando isso vai mudar?

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O estatuto transformou a eleição da Ponte Preta em um circo. Aliás, um circo é mais organizado. Bem mais. Muito mais. Vivemos um processo eleitoral em que todos fazem o que querem. Lugar em que a bagunça é permitida a estrada fica aberta para tudo, inclusive ao autoritarismo. De qualquer lado.

Vamos aos fatos. O documento exige a formação de 225 componentes para cada chapa. De maneira estapafúrdia e ridícula, o documento não exige que seja apresentado os integrantes de uma futura diretoria executiva. Ou seja, o eleitor assina um cheque em branco. Não existe qualquer estabelecimento de pacto ou contrato com o eleitor. Zero zelo, zero transparência. Neste caso, cada um faz o que bem entender.

Para o bem ou para o mal. Lembre-se que em 2017, o eleitor foi para urna crendo que escolheria Vanderlei Pereira para novo mandato. No dia da reunião do Conselho Deliberativo, Vanderlei Pereira desistiu do posto, José Armando Abdalla Junior foi designado ao cargo de presidente e ficou tudo por isso mesmo. No fundo, o eleitor foi ludibriado. Votou em um, teve que aturar outro.

Elogie-se a atitude e postura de Eduardo Lacerda de apresentar-se como candidato a presidente. O pacote seria melhor se divulgasse a relação integral da Diretoria Executiva. Mas o encabeçador da chapa DNA Pontepretano dá um belo passo. Apesar de que isso não ameniza os fardos que ele precisa administrar, que seriam a rejeição presente na torcida em relação ao presidente de honra, Sérgio Carnielli e até em relação a alguns de seus companheiros de chapa.

O MRP decidiu que não vai divulgar os protagonistas da chapa. Estratégia de acordo com o estatuto do clube. Tudo dentro da legalidade. Nota 10. Agora, para o processo democrático e o debate da opinião pública é péssima noticia. Adendo: eles não têm culpa. Quem precisar zelar pela democracia é o estatuto. Que não preserva.

Para quem deseja assistir troca de ideias e disputa de projetos, a indefinição sobre um porta voz da chapa não é de bom tom. Cometem o clássico erro culposo, ou seja, sem dolo ou intenção.

Mesmo assim como vamos discutir o futuro da Ponte Preta se não existe uma pessoa com quem discutir? Sim, eu sei, não é a intenção do grupo ao tomar esta atitude, mas desemboca nisso. Inconscientemente. De que maneira exigir cobertura ostensiva da imprensa se por vezes não existe um porta voz definido?

Deixo claro: tenho interlocução nos dois grupos.

Sou bem tratado por ambos.

Agora, conversa informal é um cenário; apresentação de modelo e de programa de governo para jornalistas e formadores de opinião é outro cenário. Parênteses: dizer que todas as informações estão em posts das duas chapas em redes sociais é um engano.

Democracia se faz com debate, confronto de ideias e intermediação da imprensa séria, apartidária e independente para exibir o contraditório. Se os dois grupos pensam que não há necessidade de interlocução da imprensa, saibam que países sem espaço democrático pensam de idêntica forma. E a Ponte Preta está casada com a democracia em sua história.

Do mesmo jeito que existem profissionais ruins e manipuladores na imprensa e em outros ramos de atividade, também existem profissionais de boa conduta. Um contingente não pode ser punido pelo pecado de uma parte. A parte boa deve ser valorizada e não discriminada.

Repito: o DNA Pontepretano adotou tal postura porque quis e o MRP joga dentro do regulamento e da legalidade. Que o próximo mandatário tenha a sabedoria de alterar este estado de coisas e modernizar este combalido e remendado estatuto.

(artigo escrito por Elias Aredes Junior)