Hélio dos Anjos e uma coragem que faz falta ao futebol

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Surge no horizonte uma pergunta pertinente: qual será o lugar de Hélio dos Anjos na história da Ponte Preta? Eu concordo que é estranho elogiar e enaltecer um treinador após uma derrota. Mas existem casos especiais, como no duelo diante do Grêmio. 

O atual treinador pontepretano só enfrentou a contra maré. Assumiu a equipe a quatro jogos do final da Série A-1 do Campeonato Paulista e não evitou a queda para a segunda divisão regional. Cabeça erguida, peito estufado, a sua determinação não foi a dos arrogantes e dos prepotentes e sim daqueles que se mostram dispostos a trabalhar e a  buscar soluções. 

A dependência em relação a Lucca é um problema do seu trabalho. Fato.

Mas veja que ao receber um time remendado, com jogadores de várias procedências, ele conseguiu incutir nestes jogadores a mentalidade de Ponte Preta: raça, dedicação, superação, determinação. Tudo aquilo que o pontepretano gosta e quer. 

Ao invés de reclamar, Hélio dos Anjos tentou consertar as falhas de concepção dentro de casa. E a partir daí surgiram DG, Felipe Amaral, Giancarlo e por último Eliel. Papo reto, conceito definido e frutos colhidos, sendo que o mais saboroso foi diante do Náutico.

É para lamentar a derrota para o Grêmio?Evidente que sim. Os pontos vão fazer falta? Lógico. 

Só que perceba que o treinador pontepretano mostrou na adversidade um atributo precioso: coragem. Primeiro por trocar todo o ataque aos 31min. Tirar Leandro Barcia e Nicolas para apostar em Da Silva e Fessin foi uma confissão humilde de erro e disposição para acertar. Mesmo que Barcia estivesse lesionado, isso não invalida a postura do treinador, que não ligou para possíveis melindres no vestiário. Fez e acabou.

E tal postura corajosa foi tão contagiante que foi repassada aos jogadores. Esqueça tática, técnica, posicionamento, jogadas ensaiadas e até o gol anotado por Walisson. 

O que deve ser celebrado foi a postura corajosa da Alvinegra no segundo tempo. Pressionou o Grêmio. Encurralou. Foi para cima. Não teve receio de arriscar. Pode apostar: teve dedo do treinador. 

O saldo foi positivo. Aos poucos e sem alarde, a Ponte Preta cresce de produção e caminha para construir sua permanência. E isso por enquanto pode ser creditado a Hélio dos Anjos. Que não pode deixar o pesadelo retornar. Para chegar a tal objetivo, uma vitória contra o Operário é fundamental. Um empate ou derrota e o pesadelo retornará com força. E produzirá lembranças de erros e equivocos que levaram ao rebaixamento na Série A-2 do Campeonato Paulista. 

É hora de virar a página. E com seus defeitos e arroubos, Hélio dos Anjos é fundamental neste quebra-cabeça.

(Elias Aredes Junior-Foto de Diego Almeida-Pontepress)