Ponte Preta: a verdade está lá fora…

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A Ponte Preta venceu a Ferroviária no sábado à noite e deixou um gosto de cabo de guarda chuva na boca do seu torcedor. Sairam das arquibancadas em direção as suas casas preocupados com o futuro em médio e longo prazo. A propagação das redes sociais e a velocidade da informação fazem com que conclusões sejam tiradas em tempo recorde. A Macaca não é diferente. Verdades inconvenientes surgem no horizonte. São doloridas, machucam, mas precisam ser ditas. A saber:

O elenco foi mal montado – Penso que o rebaixamento não se transformará em realidade. Porém, não podemos isentar a diretoria da Macaca sobre decisões equivocadas. Como a de contar com zagueiros com as mesmas características em termos de velocidade (Ferron, Fábio Ferreira, Wellington e Tiago Alves, todos lentos) e armadores/atacantes típicos carregadores de bola, casos de Clayson, Felipe Azevedo e Rhayner. O argumento é que Cristian e Felipe Menezes não estão em forma. Ok. Mas então o que justifica o fato que, mesmo antes da chegada de Menezes a Alvinegra nunca ter usado e testado Ravanelli, revelado nas categorias de base? Não foi o gasparzinho quem criou tal quadro. Foi a diretoria. Fato.

O time precisa de reforços – Na sua entrevista coletiva após o jogo contra a Ferroviária, o técnico Alexandre Gallo teve uma educação ímpar para dizer que com aquele elenco não dá disputar o Campeonato Brasileiro. Disse de modo indireto, mas disso. O time precisa de reforços. E precisa mesmo. Caso contrário, o Brasileirão poderá se transformar em uma vergonha sem tamanho.

A espera de variação tática- O novo técnico pontepretano tem um mérito, o de reposicionar a defesa e encurtar os espaço dos oponentes na zona intermediária. Aproveita o melhor do futebol do volante Jonas, que é a marcação. Em todos os jogos, desde o Osasco Audax, ficou uma duvida: por que a Macaca joga sempre da mesma forma no setor ofensivo? Por que não consegue fazer como a própria Ferroviária, que a partir de Fernando Gabriel, utiliza as laterais e os jogadores de frente com muitas variações. Falta de esquema tático? Limitação de repertório do treinador? O tempo dará a resposta.

Prestar informação só quando interessa – Ao final do jogo contra a Ferroviária, Gallo enumerou justificativas para a postura da equipe nos 90 minutos. Exemplo disso é sobre o meia atacante Clayson, que segundo ele tem dificuldade de se recompor fisicamente de um jogo para outro. Por que as explicações não foram dadas por exemplo na pré-temporada, quando os preparadores físicos, fisiologistas e médicos tem tais dados na ponta da língua. Mais: será que abrir os treinos não fariam os setoristas perceberem problemas que só abordados na entrevista coletiva? Fica a reflexão.

Reinaldo e Jonas sob observação – Inegável a boa produção técnico do lateral-esquerdo oriundo do São Paulo e do volante ligado ao Flamengo. Só que também é verdade que falamos do Campeonato Paulista, que apesar de sua força e influência é uma competição tecnicamente inferior ao Brasileirão, em que você, na melhor das hipóteses, tem 24 jogos de alto gabarito, disputado contra os 12 gigantes. Jonas e Reinaldo darão conta do recado quando maio chegar? Eles vão exibir um futebol de qualidade e ajudar a Macaca a fazer uma campanha honrosa? Que o gramado responda.

Crença no “misticismo” do futebol – Já abordamos tal aspecto neste site, mas não custa relembrar. A cada tropeço, canelada ou péssima produção de algum jogador pontepretano, a desculpa que vem logo na sequência é que as decepções aconteceram porque isto é o futebol. Não há como prever o sucesso ou o fracasso e o imponderável é sócio majoritário. Com todo o respeito eu digo que é balela. Conversa mole. Enrolação. Tais muletas são utilizadas para colocar para baixo do tapete decisões equivocadas e erradas tomadas pela atual diretoria. Se isso for verdade então a campanha do ano passado foi fruto do acaso e não por decisões corretas tomadas na formação da equipe?

Não pode vacilar diante da Matemática-A Macaca tem 12 pontos. Esqueça por enquanto a classificação. Precisa pensar em três vitórias para esquecer o fantasma do rebaixamento. Em casa, toda a prioridade nos jogos contra Mogi Mirim, Água e o Red Bull, que terá o mando de jogo. Depois que a Série A-2 ficar oficialmente no passado, a etapa seguinte é simples: analisar, refletir e tomar as medidas necessárias para que o Brasileiro não vire um pesadelo.

(análise feita por Elias Aredes Junior)