Se a Ponte Preta é um laboratório, o técnico Felipe Moreira é a cobaia?

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Somos profissionais. Lutamos pelo pão de cada dia. Temos a obrigação de sermos zelosos com as tarefas, até para justificarmos o salário. Por vezes, somos perseguidos de modo injusto e cruel. Pagamos pelos erros alheios. Sem merecer. Abrace estes conceitos e pense no técnico da Ponte Preta, Felipe Moreira. Não é de bom tom dizer aquilo que virá imediatamente, mas eu tenho pena do filho do ex-jogador e técnico pontepretano Marco Aurélio Moreira.

Pena? Como assim? Sentimento de compaixão em um ambiente milionário e devastador como o do futebol? Explico. Quando terminou a temporada passada, apesar da boa campanha no Brasileirão, a torcida da Ponte Preta estava em litígio com a diretoria. Não se conformava com a falta de ambição, o péssimo rendimento como visitante e fuga da vaga na Libertadores por míseros quatro pontos.

Agora vamos pensar com a cabeça de alguém do show business, ou seja, do teatro, cinema ou de televisão. Se eu estou com meu produto em baixa junto ao público e tenho urgência em aprimorar a audiência, qual a atitude imediata? Contrato dentro do meu orçamento, sem fazer loucuras, artistas e roteiristas que viabilizem uma peça, filme ou novela que sejam capazes de alavancarem a audiência e atender ao padrão de exigência. Se fizermos uma comparação ponderada, o futebol pode ser enquadrado neste quesito. É entretenimento.

Contrariando a lógica de mercado, o que faz a diretoria da Ponte Preta? Elege para conduzir o seu “cast” um diretor –no caso, o técnico Felipe Moreira- novato, sem experiência, acostumado apenas a receber ordens e não a determiná-las. Seria o mesmo caso da Rede Globo, na ânsia de subir os seus 25 pontos de audiência da novela da 9 convocar não um autor consagrado de novelas como Aguinaldo Silva e Walcyr Carrasco e sim um neófito que nunca escreveu um capítulo sequer de Malhação.

Qual a consequência? Má vontade ampla, geral e irrestrita. Por que? Não existe histórico para respaldar Felipe Moreira de que tropeços futuros sirvam de alavanca e não de areia movediça. Dê uma olhada nas redes sociais e leia com seus próprios olhos: a Ponte Preta perdeu do Audax o jogo treino realizado na manhã desta quarta-feira (25) no estádio Moisés Lucarelli e o clima de linchamento virtual foi inevitável. Pergunta: se fosse outro profissional com um currículo e história em outros clubes, será que a reação não seria menor? Não existiria um foco de resistência e paciência?

Tenho pena de Felipe Moreira porque ele não é culpado. Ele é vitima de uma política de gestão calcada na excessiva cautela, na obsessão por números e lucros exorbitantes em detrimento da busca de resultados auspiciosos. Para ser mais claro: hoje, a diretoria da Ponte Preta (Vanderlei Pereira, Sérgio Carnielli, etc…) não pode pagar um salário de R$ 200 mil ou R$ 300 mil para qualquer jogador. Não pode e nem deve. Só que tem fôlego para oferecer R$ 100 mil ou até R$ 150 mil. No final, a escolha é pagar R$ 70 mil, R$ 80 mil.

Quem paga o pato? O técnico inexperiente, sem lastro e louco por um lugar ao sol e que no fundo no fundo vai topar engolir qualquer sapo para triunfar na carreira. Pode dar certo? Sim, porque o futebol é imponderável.

Pela sua sede de crescimento, a torcida da Ponte Preta não merecia ver seu time virar um laboratório. E Felipe Moreira uma cobaia sem anestesia.

(análise feita por Elias Aredes Junior  e Júlio Nascimento)

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