Sobre virtudes, defeitos, aliados, adversários e a crise (profunda) vivida pelo Guarani

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O Guarani está em crise. Profunda. A ameaça de rebaixamento nunca esteve tão presente. Mesmo se Claudinei Oliveira conseguir a meta de somar sete pontos nos três jogos restantes, é certo de que algo não vai bem no estádio Brinco de Ouro da Princesa. E que precisará de correções. Demitir Juliano Camargo e mudar as atribuições é muito pouco

Culpados? Alguns têm responsabilidade direta e indireta. Como o técnico Umberto Louzer não conseguiu fazer a equipe jogar ou tinha sempre a mesma metodologia de jogo, é impossivel dissociá-lo do fracasso que parece inevitável. Isso não autoriza ninguém, no entanto, a esquecer que dos 34 jogadores aconselhados por Louzer, apenas um foi contratado, o volante Anderson Leite. Deveria ter feito o elenco jogar? Certeza? É a função do treinador. De qualquer um. Mas é preciso entender que cada conjuntura determina o percentual de responsabilidade de cada ator. Por isso que Claudinei Oliveira não pode ser jogado aos leões diante de quadro tão dramático. 

A partir do momento que os integrantes do Conselho de Administração, o ex-superintendente Executivo de Futebol e o CEO bancam um pacote de contratações de suas inteiras autorias, é evidente que a cobrança sobre o profissional que está sentado no banco de reservas perde intensidade. Lógico. Em resumo: a marca da péssima campanha, mesmo se escapar, já está sob os dirigentes, sejam eles estatutários ou remunerados.

Só que esta constatação não valeria de absolutamente nada se um ponto não fosse abordado: quem apoia as medidas e decisões dos atuais dirigentes do Guarani. Antes de estender o tema, uma explicação. Se o governo municipal de Dário Saadi for exitoso não será apenas ele, do Republicanos ou o vice-prefeito, Vandão, que levará o saldo positivo ou negativo. Os partidos que lhe apoiam também ficam com a fatura, seja positiva ou negativa.

O mesmo raciocínio vale para aqueles que apoiam o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas ou o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Se na política tradicional o sucesso e a derrota são repartidos, o que dizer então da política reinante nos clubes? Também é o mesmo raciocínio. Os aliados repartem as vitórias e as derrotas. Sempre.

No Guarani, se o atual Conselho de Administração toma as decisões que adotam no futebol e na parte administrativa, é porque tem apoio dentro do Conselho Deliberativo, em que recebe o apoio do grupo político Renova Guarani.

Sejamos didáticos: o Renova Guarani, mesmo com seus defeitos e decisões equivocadas, sob o ponto de vista político, já deu importante contribuição política ao Guarani ao buscar a profissionalização da gestão. Isso é inegável.

Em diversas vezes, os seus componentes afirmaram que não existiria chance de assumir um cargo de maior responsabilidade no clube em virtude da ausência de pagamento de salários. Justo. Correto.

No entanto, o fato do clube criar o cargo de CEO e deste ser remunerado coloca este argumento na corda bamba. Se criaram este cargo remunerado porque não criaram outros remunerados para captar os quadros do Renova Guarani? É uma pergunta. Exemplo: será que o trabalho exemplar de Fábio Araújo no Conselho Fiscal não merece uma distinção melhor? Fica a reflexão.

Só que existe o reverso da medalha. Se o Renova Guarani é apontado como protagonista de uma revolução administrativa do Guarani, o mesmo grupo Renova Guarani é apontado por muitos como um dos aliados que deram respaldo ao trabalho existente no Departamento de Futebol Profissional? Se acreditam que a atual gestão toma medidas corretas, porque não aparecem para defenderem de modo veeemente aquilo que é feito dentro das quatro linhas?

Aliados podem e devem apoiar e criticas nas horas boas e ruins. Até para que a opinião pública tenha noção de quem está em cada lado da arena.

Não é questão de caça às bruxas. Ou de perseguição. Nada disso. É uma conclamação ao debate, a troca de ideias. Porque tanto o autor destas linhas como qualquer torcedor do Guarani poderá chegar a conclusão que realmente no ano passado, quando o Guarani chegou a sonhar com o acesso, o feito foi apenas dos jogadores e da Comissão Técnica e que os dirigentes infelizmente não adotaram nenhuma postura para inverter o quadro quando o desgaste bateu a porta.

O Guarani está por um fio. Conseguir a permanência dentro da Série A-1 começa a flertar com o delírio. Mas os fatos mostram que algo precisa ser feito para que o Departamento de Futebol Profissional maior solidez na próxima edição da Série B do Campeonato Brasileiro. É hora de agir para assegurar um futuro melhor.

(Artigo escrito por Elias Aredes Junior-Foto de Arquivo-Guarani F.C)