Série Club de Cuervos ajuda a entender a crise duradoura do futebol campineiro

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Na próxima sexta-feira a Netflix colocará a disposição de seus assinantes uma série que deveria ser prioridade a qualquer torcedor de Ponte Preta e Guarani. “Club de Cuervos” entrará na quarta temporada e traz elementos que fazem entender porque esta paixão por vezes produz o desabamento de agremiações.

A história conta as brigas e rompimentos entre dois irmãos, Salvador Iglesias Junior, o Chava (Luis Gerardo Mendz) e Isabel Iglesias (Mariana Trevino). Eles assumem o clube após a morte do pai, Salvador Iglesias, que adquiriu o clube em circunstancias, no mínimo, pitorescas.

Os clichês do futebol estão ali: a repulsa ao homossexualismo, a dificuldade de Isabel em um ambiente machista, a dependência de investidores para tirar clubes do buraco, as vaidades de jogadores sem qualidade técnica e a mistura entre política e futebol, retratado de modo impecável na eleição fictícia do estado de Nuevo Toledo.

A relação entre os irmãos merece um capitulo à parte. Disputam o controle e apelam a todo tipo de golpe, inclusive com vazamento de informações para jornalistas, que por sua vez, recebem censura dos patrões, posteriormente quebrada por intermédio do trabalho na internet.

Nem preciso citar nomes. Basta relembrar como o futebol campineiro foi atrapalhado nos últimos anos devidos as brigas de bastidores e as vaidades exacerbadas por parte da situação e da oposição. Assim como na série, as disputas em Campinas são temperadas com assessores puxa-sacos, relutantes em aconselhar e ajudar a sair do buraco. Afagar o ego é a meta. Até para não perder a boquinha. Ainda toca-se em uma ferida: como os veículos de comunicação são manipulados dentro do espectro do futebol. Em algumas oportunidades por vacilo e inocência e em outras por pura má fé, com intenção de colher algum dividendo, seja com patrocínios ou privilégio de informações.

O seriado ajuda a entender a parceria entra a paixão desmedida por um clube e a falta de profissionalismo e racionalidade podem levar instituições ao buraco.

Não sabemos qual será o destino dos Cuervos. Sua trajetória é um subsídio para entendermos porque o futebol campineiro patina há tantos anos.

(análise feita por Elias Aredes Junior)