Guarani na Copa São Paulo: Palmas aos garotos e ao treinador. De pé. Vaias aos dirigentes pela falta de investimento na base

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É preciso dizer logo de cara: a goleada sofrida pelo Guarani diante do São Paulo por 5 a 2 não tira um milímetro do brilho da campanha dos garotos bugrinos comandados por Márcio Zanardi. Em menos de um ano, o técnico levou Portuguesa e Guarani, duas equipes sucateadas as semifinais da principal competição de base do Brasil. Trabalho de ponta.

Atletas como Davó, Bidu, Pedro Henrique, Accorsi e Renan fizeram renascer o orgulho do torcedor bugrino. Em oito jogos fizeram a arquibancada relembrar que o Guarani não precisa conviver com atletas do naipe de Maicon Sapucaia, Mika, Gilton, entre outros menos cotados. A tradição é de revelar jogadores e esse DNA não pode ser apagado.

Então, o que faltou? Por que não foi alcançado o sonho dourado da decisão?

Não é querer amenizar a ferida ou manipular a opinião pública. Nada disso. A verdade é nossa matéria prima. Mas ouso dizer: não foram os garotos do Guarani que sofreram os cinco gols do São Paulo.

Quem tomou os gols foram os dirigentes que habitaram o Brinco de Ouro por anos e anos e só fizeram promessas. Nunca tiraram do papel a melhoria de infra-estrutura, condições dignas aos garotos e a montagem de um pacote capaz de atrair talentos de todas as partes do Brasil. Camisa e histórias são vitais e importantes, mas não são ingredientes suficientes. É preciso investir. Sem cessar.

Em 1988, o Guarani era uma maquina de revelar atletas e fornecia pé de obra até para a Seleção Brasileira. Adversários como o Atlético Paranaense eram meros coadjuvantes. Hoje, o Furacão dá lição de gestão, tem estrutura de primeiro mundo e projeta ao planeta bola personalidades como Hernani, Otávio ou Pablo.

Até quando os dirigentes vão viver de desculpas? Quando chegará o dia em que a humildade terá assento no prédio administrativo do Brinco de Ouro para ver as coisas como elas são?

A cada dividida perdida pelos atletas bugrinos, um gol sofrido diante do São Paulo, o que me restava era apenas absolver estes garotos e uma comissão técnica guerreira que superou a tudo e todos.

José Luis Lourencetti, Leonel Martins de Oliveira, Marcelo Mingone, Álvaro Negrão, Horley Senna e Palmeron Mendes Filho. Estes foram os “craques” que por falta de visão e investimento nos últimos 20 anos impediram que os garotos bugrinos pudessem receber melhores condições de trabalho e chegar mais longe na Copa São Paulo.

Aos dirigentes, vaias. Aos garotos bugrinos uma frase: saudações para quem tem coragem.

(análise feita por Elias Aredes Junior)