Especial: Campeão de 78, Zenon lamenta torcida única e resgata dérbis históricos

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Zenon de Souza Farias ou, simplesmente, Zenon. Um dos maiores ídolos da história do Guarani Futebol Clube, o ex-meia deixou seu nome registrado na galeria dos principais jogadores ao longo dos 107 anos. Independentemente da geração, todo e qualquer torcedor sabe mencionar as glórias vividas por ele com a camisa bugrina.

Catarinense da cidade de Tubarão, o jogador começou a carreira no Avaí em 1973. Meio-campista armador com grande habilidade, o jogador chamou a atenção do Guarani, clube que passou a defender em 1976, dois anos antes do título no Campeonato Brasileiro.

O atleta foi um dos ícones de 1978, período da principal conquista alviverde, ao lado de Careca. Depois de deixar o clube em 1980, passou por Al-Ahli, da Arábia Saudita, Corinthians e Portuguesa, antes de retornar ao time de Campinas em 1988, permanecendo até 1990.

Em entrevista exclusiva ao Só Dérbi, o ídolo alviverde recordou os dérbis marcantes de sua passagem pelo Bugre e ainda lamentou torcida única no principal clássico do interior brasileiro.

Você considera que o dérbi tem um significado igual para as novas gerações do que para quem acompanhava o futebol do passado?

“Não tem o mesmo significado, principalmente pelo fator torcida que está influenciando demais nesses jogos. As pessoas estão indo assistir ao jogo apreensivas em relação à violência. Isso, às vezes, acaba passando para os jogadores dentro de campo e influencia o rendimento de alguns atletas”.

Você acha que o clássico perde muito com torcida única?

“Sim, com certeza. No meu tempo, era dividido 50% de torcedores para cada time. Cada um já tinha seu lugar definido no estádio e era uma grande festa. Os jogadores dentro de campo adoravam isso”.

Qual dérbi que você considera o mais marcante na sua carreira?

“Eu tive dois dérbis marcantes. O primeiro, em 1978, na estreia do Careca como profissional aos 17 anos. Ele entrou e fez a diferença em um clássico com estádio lotado marcando dois gols. O outro foi em 1979, quando Campinas era denominada como “Capital do Futebol”, com seis jogadores dos dois clubes na seleção brasileira. Esse dérbi foi muito marcante porque a cidade, através dos dois times, foi até o Pacaembu mostrar aos paulistanos como se jogava futebol”.

Você acha que Campinas pode voltar a ser a Capital do Futebol com os dois times fortes?

“Eu acho um pouco difícil, mas no futebol tudo é possível, sempre ocorrem surpresas. O meu desejo é que isso aconteça”.

Até que ponto a ausência de dérbis colaborou para que os clubes de Campinas não tivessem um rendimento ainda melhor nos últimos anos?

“Um clube motiva o outro pela vaidade que existe de estar à frente do adversário nos campeonatos. Como isso não acontece há muito tempo, com os times sem atuar na mesma divisão, não tem essa competitividade. Eu espero que os torcedores deixem de lado as brigas para que tenhamos grandes eventos futuros”.

Como você vê o Guarani para a partida? Há algum favorito?

“Os dois chegam no mesmo nível, com a mesma campanha na Série B. Acho que o Guarani tem um pequeno favoritismo por jogar em casa com a sua torcida”.

(texto e reportagem: Eduardo Martins e Lucas Rossafa)

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