Especial: Ex-goleiro e treinador, Sérgio Guedes dá dicas para o dérbi e relembra 2008

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Marcar seu nome dentro e fora das quatro linhas e ser respeitado pela torcida são alguns dos privilégios mais importantes de um profissional do mundo da bola. Tais méritos, inclusive, podem ser ostentados por Sérgio Guedes, ao lado de Nelsinho Baptista, Jair Picerni, Nenê Santana, Tuta, Carlito Roberto, Nico e Marco Aurélio Moreira.

O ex-goleiro, quarto que mais atuou pelo clube, atrás de Carlos, Aranha e João Brigatti, esteve em Campinas de 1984 a 1989 e somou 183 participações. A campanha mais vitoriosa enquanto atleta da Macaca foi em 1982, quando faturou a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Nascido em Rio Claro, Guedes vestiu as cores da Alvinegra por cinco oportunidades no dérbi e acumula uma vitória, dois empates, duas derrotas e seis gols sofridos.

Atual treinador da Portuguesa Santista, recém-promovida à Série A2 do Campeonato Paulista, o profissional de 55 anos também é lembrado como treinador – entre novembro de 2007 a junho de 2008 e novembro de 2009 a abril de 2010. Em 50 jogos neste período, foram 23 vitórias, 11 empates e 16 derrotas, além de ter tido destaque na trajetória do vice-campeonato paulista de 2008, derrotado pelo Palmeiras na decisão.

Diante do Guarani, na área técnica, foi apenas um jogo, mas com significado especial: vitória por 4 a 2, no Moisés Lucarelli, em 16 de março de 2008, pela primeira fase do Estadual. Em entrevista exclusiva ao Só Dérbi, Sérgio Guedes resgatou momentos históricos de suas passagens e deu dicas para os jogadores pontepretanos. Confira!

Como era a preparação para os dérbis quando você jogou na década de 1980 na época pós-capital do futebol?

“Na época, os dois clubes tinham bons times, ótimas divisões de base e os jogadores já se enfrentavam desde os juniores. Então o dérbi era o momento da ratificação de uma sequência de sucesso na carreira. A exemplo de clássicos de todo o Brasil, são jogos que rotulam bastante e a ansiedade e o sonho eram enormes para momentos como esse”.

Como era o clima na cidade no período do dérbi?

“O mais marcante para mim era os jogadores descendo para o estádio junto com a torcida. Isso foi muito forte. Imagino que, no Guarani, fosse algo similar pelo fato de as torcidas serem muito grandes. Isso envolvia muita gente com estádio lotado em todos os clássicos com as duas torcidas em campo”.

Como você encarava esses clássicos em Campinas?

“Tinha uma preparação antes porque a torcida era mais presente. Você precisava ter o lado emocional muito bem controlado, mas quando as coisas começavam a dar certo facilitava tudo”.

Que característica não pode faltar para um jogador disputar um dérbi?

“Uma coisa que não podia faltar era passar para quem assistia o jogo o desejo de ganhar. As vezes um carrinho ou uma jogada mais forte fazia a torcida se mobilizar favoravelmente. Mas o primordial para ter uma boa participação era ter controle emocional do que estava acontecendo. Se você não tivesse isso, não adiantava o espírito porque se o adversário estivesse em um melhor momento, isso iria prevalecer”.

Cmo foi preparar o time no Paulistão 2008 com o Guarani voltando para a primeira divisão e a Ponte tendo disputado uma Série B de 2007 decepcionante?

“A preparação foi uma consequência de 2007 depois de eu herdar o time no final do ano. Eu confiava naquele time, achava que a equipe não tinha carinho e eu procurei oferecer isso a eles. Fizemos uma temporada muito legal e tudo fluiu de uma forma avassaladora. O time começou bem a competição, a torcida comprou a ideia, houve uma comoção muito grande e, no dérbi, a confiança que algo positivo aconteceria foi como eu nunca tinha visto antes”.

Quais detalhes o treinador deve ficar atento para fazer um bom trabalho em um clássico como esse?

“O técnico tem que mobilizar o time para fazer um bom trabalho, mas necessariamente o que antecede a semana vai muito por tudo aquilo que vem acontecendo. Em 2008, tudo conspirou para que a Ponte tivesse aquele momento positivo”.

Qual foi o dérbi mais marcante como jogador e como treinador?

“Como treinador, foi inegavelmente o de 2008. Como jogador, eu tive meu primeiro dérbi em 1984 e falhei nesse jogo. O mais marcante foi o clássico seguinte porque não se admitiria um novo erro. Eu fui um sobrevivente de falhas em dérbi. Neste segundo jogo, eu entrei em campo muito concentrado e ganhamos no Brinco por 3 a 0. Essa foi uma vitória que me consolidou”.

*Os dados de Sérgio Guedes pela Ponte Preta são de Stephan Campineiro, jornalista e pesquisador.

(texto e reportagem: Lucas Rossafa e Eduardo Martins)