Horley Senna perde força política e abre espaço para volta de investidor no Guarani

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Não é incomum que o ex-presidente continue a participar da rotina de um clube, especialmente após ter conseguido eleger um candidato com seu apoio como sucessor. Contudo, esse não é o caso de Horley Senna no Guarani. Apenas dois meses após deixar a cadeira executiva de maneira definitiva no Brinco de Ouro, o cartola perdeu força na política do clube.

Braço direito na gestão Horley, o atual presidente Palmeron Mendes Filho colocou o dirigente como responsável direto pelas categorias de base e representante do clube para tratar problemas de ações trabalhistas. O ex-presidente participou ativamente de algumas ações do novo Conselho de Administração sob comando de Palmeron, mas depois perdeu espaço.

Segundo apurou a reportagem, a gota d’água foi a demissão do técnico Vadão. Horley Senna era arbitrariamente contra a demissão do ex-comandante bugrino, mas não foi ouvido pelo CA que determinou a troca do treinador e optou pela contratação de Marcelo Cabo. Senna, inclusive, chegou a ligar para Vadão em ato de solidariedade. Mas nos bastidores outras divergências foram constatadas. Palmeron não era favorável a contratação de Richarlyson, mas Horley decidiu assinar com o atleta. O troco foi dado na contratação de Bruno Mendes, concretizada por convicção do atual mandatário bugrino.

Quando presidia o Alviverde, Horley costumava a ignorar as sugestões e reclamações dos conselheiros do clube. Se isolou ao demitir Nei da Matta deixando público seu descontentamento com a demissão do primeiro treinador do Bugre na temporada. Depois, trouxe Nei Pandolfo para ganhar mais força no poder do futebol, mas o executivo deixou o Brinco logo após a saída de Horley. Palmeron, então vice-presidente, era mais atencioso e também se tornou o responsável por mediar a relação conflituosa entre Senna e Roberto Graziano, dono da Magnum.

Após o racha do ex-presidente com o investidor, a Magnum diminuiu o investimento do clube ainda na reta final da Série C e o clube teve dificuldade para montar a equipe que disputaria a Série A2 do Campeonato Paulista. Após o Estadual, novamente limitado pelos poucos recursos, o Guarani não pode se desfazer da base do primeiro semestre na montagem para o time da Série B – o que desagradou a comissão técnica na época. A lista, que deveria contar com cinco remanescentes, praticamente triplicou. O time começou a Série B com exatos nove titulares da época da Série A2.

A missão de barrar a volta de Graziano ao Guarani se tornou improvável para Horley Senna devido a vontade de Palmeron de contar com o apoio do empresário para o projeto de 2018. Segundo conselheiros, Senna chegou a acenar com um investidor que seria mais endinheirado do que o proprietário da Magnum, só que o negócio não avançou. Hoje, o ex-presidente é descrito por conselheiros como magoado, mas não descartam que ele retorne no momento em que as condições forem menos adversas. Em um primeiro momento, a oposição também não planeja se articular com o dirigente, que continua perdendo espaço no Bugre.

(texto e reportagem: Júlio Nascimento)