Ponte Preta e a constatação: como não há chance de mudança, o jeito é se adaptar

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Quem tem uma condição financeira minimamente razoável já comprou um carro usado. Ou melhor, um veiculo com muitos problemas. É o cambio que não funciona. Ou o motor que está meia vida. É o banco que está rasgado. O volante um pouco folgado. Fato é que, se você pudesse livrar-se daquele bem, você não pensaria duas vezes e repassaria ao primeiro que visse na rua.

No Brasil, as vontades não podem ser supridas de imediato. Pelo contrário. Existe a necessidade de se adaptar a conjuntura e fazer o possível e o impossivel para contruir uma convivência menos raivosa com aquele objeto. 

Conforme o tempo passa, uma nova realidade aparece. Você começa a se afeiçoar ao veiculo. Alguns ganham até nome. Meu tio, por exemplo, no final da década de 1980 comprou um Fusca de 1962. Apelidou de Isidoro. Tinha inúmeros problemas mas chegava ao destino. Gerou simpatia. 

Fiz tal preâmbulo para dizer que a torcida da Ponte Preta começa a nutrir idêntico sentimento por sua equipe. Venceu duas partidas seguidas? Ótimo! Mas não é por isso que virou o Real Madrid ou Barcelona. Os defeitos continuam presentes. Limitações técnicas de alguns jogadores, criatividade escassa no meio campo, por vezes uma leitura limitada de jogo por parte do treinador. 

Aos poucos, partida após partida, uma caracteristica positiva surge aqui e ali. É a arrancada do Tales, a voluntariedade do Weverton, a disposição física do Ramon Carvalho, a falta de frescura da dupla de zaga na hora de sair para o jogo….E velocidade. Muita velocidade. 

Quando a Diretoria Executiva decidiu apostar nos profissionais da casa e reduzir custos, muitos torceram o nariz. Inclusive este jornalista. Partidas horrorosas, produção deficitária, oscilações inexplicáveis e uma falta de didática por parte do treinador que beirava a loucura. 

Por enquanto é delírio e inconsequência sonhar com o acesso. Não pela pontuação, mas sim por aquilo que a Ponte Preta produz em relação aos adversários. Ainda bem que pelo menos o time fornece alguns subsídios para as arquibancadas terem um mínimo de empatia. Já é um avanço. 

(Elias Aredes Junior-com foto de Marcos Ribolli-Pontepress)