Setorista da Ponte Preta por anos e anos Renato Silva era músico nas horas vagas. Tocava e cantava em bailes e tinha uma banda. Em determinada ocasião, convidou um amigo para lhe acompanhar em uma apresentação na Hípica de Campinas.
Lógico, o amigo aceitou. Ajudinha no som ali e dali, um rango de alta qualidade de rebarba e a noite estava garantida.
Ao chegar no portão principal, o problema: só poderia entrar quem estivesse com o nome registrado na lista deixada pelos organizadores. O amigo do peito estava fora da mordomia.
Pronto para passar por um constrangimento, o parceiro de “bico fino” já se preparava para pegar um táxi e voltar para casa. Planos interrompidos pela sagacidade do “Leão do Bosque”.
– Meu senhor, sinto muito ele não pode entrar- dizia o segurança.
– Quebra um galho, é muito importante a presença dele- rebatia Renato.
Até que a paciência do segurança esgotou-se e saiu a pergunta:
– Ok, então me prove que ele precisa entrar de qualquer jeito.
Sem ficar corado, Renato Silva disparou:
– Seguinte: o fechamento do show é com um mambo
– Tá e daí?
– E que ele é o cara que faz o grito de Uuuuuuhhhhh! Sem ele, não fica a mesma coisa.
O segurança pensou e deixou o penetra entrar.
A música em primeiro lugar.
(Elias Aredes Junior)